domingo, 9 de outubro de 2011

Em Pernambuco, 119 presidiários atuam como carcereiros dos 24 mil detentos do estado

O Juiz Adeildo Nunes, da Primeira Vara das Execuções Penais, define a situação como uma "excrescência" e "uma vergonha para Pernambuco"
Enquanto na Bahia continuam sendo procuradas fórmulas e projetos para amenizar os graves e insolúveis problemas do sistema prisional, no estado de Parnambuco a situação parece hilária se não fosse trágica. Com 18 unidades totalmente superlotadas – são 24 mil presos mal acomodados em oito mil vagas -, o controle da população carcerária é feito pelos próprios detentos, que ficam com chaves de celas e pavilhões sob sua responsabilidade, e chegam a ostentar poder que só o Estado deveria desfrutar. Eles se transformam em “autoridades” entre os detentos. Mandam e desmandam, e até há quem chame o grupo de “milícia dos chaveiros”.
Segundo parentes dos presos entrevistados pelo jornal O Globo do Rio de Janeiro, os “presos carcereiros” também praticam uma série de abusos: agiotagem, extorsões, pedágios e comandam espancamentos. Chegam até a cobrar pelo uso do chão, onde há disputa de espaço devido à lotação quase três vezes superior à capacidade. Também participam de exploração de cantinas no interior do presídio, que, segundo agentes penitenciários, se transformam, muitas vezes, em ponto de venda de drogas. Não há qualquer lei que regulamente a presença desses “agentes” dentro dos presídios e das penitenciárias. Mas a prática, mesmo não prevista na legislação, é institucionalizada. O superintendente de Segurança Penitenciária, coronel Francisco Leal Duarte, diz que os “chaveiros” são um mal necessário. Já a Associação dos Servidores do Sistema Penitenciário de Pernambuco denuncia que eles estão desempenhando o papel que deveria caber aos agentes penitenciários, cuja quantidade vem sendo reduzida à medida que a população carcerária aumenta. (Publicado em O Globo)

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