quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Me sinto um inútil´, resume coveiro, após trabalhar 34 anos e ser demitido

Jaime Mendes de Souza, com 34 anos no serviço público
Em mais uma manifestação de protesto realizada na zona central da cidade de Ilhéus, os servidores demitidos da Prefeitura pediram a revogação do Decreto nº 128/2018, publicado na madrugada do dia 8 de janeiro, até que a sentença seja transitado em julgado. Na manhã desta quarta-feira, dia 23, os servidores percorreram a Avenida Princesa Isabel e fizeram panfletagem. 

O movimento é coordenado pelos sindicatos que representam as categorias do serviço público municipal, como o Sinsepi, APPI/APLB, Sindguarda e Sindiacs/ACE. A grande maioria dos servidores demitidos, pais e mães de família, assalariados, enfrenta dificuldades para sobreviver. É o caso, por exemplo, dos coveiros Jaime Mendes de Souza, com 34 anos no serviço público, e de José Domingos do Nascimento, admitido há 35 anos na função. Jaime, que tem 69 anos de idade, participa dos atos de protesto contra as demissões e marcha em vários bairros de Ilhéus. 

Ele afirma que quando soube da demissão se sentiu uma pessoa inútil, que, após 34 de serviço, estava saindo sem aposentadoria, sem dinheiro, sem nada. “Como coveiro sempre fiz meu serviço com seriedade e prazer, mas não era reconhecido pelo Poder Público. No nosso trabalho, apesar de estarmos enterrando os entes queridos, até veneno a gente comprava com nosso dinheiro para acabar com o mato do cemitério”, desabafa. 

Para Jaime, “agora a expectativa é retornar para o trabalho, afinal, sem dinheiro não se vive”. Ele se refere também ao PDV (Programa de Desligamento Voluntário), proposto pelo prefeito, aprovado na Câmara e transformado em lei, ao qual aderiu, que garante o vínculo de emprego aos que solicitam aposentadoria e aguardam a carta do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). “Como acreditei nesse programa, agora vejo que estava sendo enganado”, afirma o servidor.

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