Aldenes Meira
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Por incrível que pareça, existe um fator positivo quando se chega ao fundo do poço. É que não dá para descer mais e a única alternativa é tentar subir. Ao que parece, é isso que Itabuna busca neste momento em que se encontra totalmente saturada com a violência.
A cidade simplesmente cansou das manchetes negativas, dos homicídios cotidianos, dos índices que evidenciam a falência de nossos mecanismos de controle social e da segurança pública.
Na condição de representante do poder legislativo municipal, é meu dever – bem como de todos os membros da Câmara de Vereadores – cobrar providências que venham a devolver a paz há tanto perdida em nossa cidade.
Mas é necessário, antes de tudo, refletir sobre as causas que levaram Itabuna a chegar a essa tragédia, revelada em estatísticas terríveis, como a que nos coloca em primeiro lugar no ranking de homicídios de jovens na faixa etária de 12 a 18 anos, entre os municípios com mais de 200 mil habitantes (levantamento elaborado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Unicef,
Observatório de Favelas e Laboratório de Análise da Violência do Estado do Rio de Janeiro).
Os dados dessa pesquisa foram coletados em 2012, mas – números à parte – o que se vê no dia-a-dia dispensa qualquer dado estatístico. A realidade “nua e crua” está nas ruas, no sangue derramado em uma guerra sem fim, no desespero das famílias destruídas, no medo de quem perdeu a liberdade por medo da violência. “Basta!” – é esse o grito de nossa sociedade.
A Câmara de Vereadores compartilha desse sentimento e passa a tratar da questão da violência em Itabuna como tema prioritário em sua pauta. Na primeira sessão plenária deste ano, o vereador Jairo Araújo (PCdoB), meu colega de partido e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Meio Ambiente da Câmara, fez um alerta sobre o descontrole da criminalidade e anunciou que convocará uma audiência pública com o objetivo de abordar a situação e, o mais importante, propor soluções.
Quase em paralelo, o deputado federal Davidson Magalhães (PCdoB) se mobiliza junto ao Governo Federal para que Itabuna tenha prioridade em um plano de combate aos homicídios de jovens. Logo após assumir o mandato, Davidson se reuniu com a ministra dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti, a quem propôs a implantação do Plano de Enfrentamento à Violência Letal de Crianças e Adolescentes na cidade.
O prefeito Claudevane Leite (PRB), igualmente preocupado com essa questão, chamou autoridades da área da segurança e representantes de diversos segmentos da sociedade para discutir medidas que possam diminuir o quadro de calamidade ora vigente.
A nosso ver, as ações perpassam logicamente pelo reforço do aparato policial e melhor qualidade das investigações, a fim de que haja identificação e punição dos autores dos homicídios.
Afinal, os percentuais mínimos de elucidação dos delitos levam à impunidade, que é o maior estímulo à sequência de atos criminosos.
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